Visitar a Bauhaus em Dessau com grupos de arquitetos, estudantes de arquitetura ou mesmo visitas individuais é sempre uma experiência muito positiva. Presenciar a emoção que eles sentem ao chegar perto dos edifícios, entrar neles, ouvirem sobre sua história e se imaginarem no tempo dos estudantes e mestres da escola da década de 1920 e 1930 é a recompensa maior que tenho pelo meu trabalho. Todos já ouviram falar, ou estudaram, leram, viram fotos e desenhos, mas é ali, pela primeira vez que têm o contato corpo a corpo com isto tudo, experimentam as proporções e dimensões dos edifícios e dos objetos.
A Bauhaus foi fundada em 1919 por Walter Gropius em Weimar e era algo completamente novo na época, porque propunha uma fusão de artes e ofícios. A escola, que existiu de 1919 a 1933, em 1925 segue de mudança para Dessau e em 1926 ocupa o edifício construído para abrigá-la.
A partir de 1930, o arquiteto Ludwig Mies van der Rohe passou a ser o diretor da Bauhaus em Dessau, mas não por muito tempo, porque em 1931 o NSDAP (partido nazista) venceu as eleições municipais em Dessau e em 1932 fechou a escola. O KPD (partido comunista) votou contra, o SPD (Social democrata) absteve-se. Ludwig Mies tentou continuar a Bauhaus mudando-se para Berlim como uma instituição particular, mas em 1933 ela foi fechada definitivamente pelos nazistas.
A arte e a arquitetura transmitidas na Bauhaus não correspondiam aos ideais nacional-socialistas, que se referiam pejorativamente à arquitetura com telhados planos como “arquitetura do deserto” e não entendiam a pintura abstrata. Com a industrialização e tipificação, receava-se o afastamento do artesanato. Métodos de ensino não convencionais, a alegria de experimentar, as atividades informais de lazer e o envolvimento político predominantemente de esquerda dos estudantes foram uma fonte de inspiração para o seu fechamento. Além disso, a proporção de estudantes estrangeiros foi significativamente maior do que em escolas de arte comparáveis. Mas não apenas a internacionalidade dos professores e alunos era considerada crítica, mas também a alegação social da Bauhaus, que era apoiada pelos social-democratas, era suspeita para seus oponentes: eles falavam de “bolchevismo cultural na Bauhaus”. Numerosos “Bauhausler”, que eram considerados os autores da “arte degenerada”, foram proibidos de realizar exposições de suas pinturas.
Tratava-se de ações com grande semelhança ao projeto “escola sem partido”, pregada pela direita brasileira hoje em dia. Já o termo usado “bolchevismo cultural” é comparável ao “marxismo cultural” de que se fala em combater no Basil. Os tempos atuais têm suas origens.
Fonte bibliográfica para o texto: https://kuenste-im-exil.de/KIE/Content/DE/Themen/bauhaus.html