Imagem destacada: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Luftbild_der_Hufeisensiedlung_und_Krugpfuhlsiedlung.jpg
A revolução industrial chegou mais tarde em Berlim do que em outras cidades como Londres e Paris, pois se efetivou apenas após a unificação dos reinos e a criação do império prussiano, na segunda metade do século 19, mas influenciou a história urbana de Berlim tão fortemente como nestas outras cidades
Nas casernas de aluguel, algo como “cortiços planejados”, um cômodo de 8 metros quadrados só era considerado lotado com 5 moradores. Elas foram construídas de forma extensiva nos bairros operários de Berlim, no contexto do plano de Hochbrecht. Nestes cubículos empilhados, sem iluminação ou ventilação adequadas, várias famílias dividiam apenas um mesmo sanitário e, para complementar a renda, muitas vezes as camas eram alugadas para os trabalhadores de turnos diferentes nas fábricas (cama quente).
As condições sanitárias e de saúde dos habitantes se agravava mais ainda por decorrência da falta de regras de ocupação do solo urbano, que permitia a presença das indústrias poluentes junto aos bairros de alta concentração de moradores. Os corpos, exauridos pelas longas jornadas de trabalho e pelas péssimas condições de moradia e urbanas, adoeciam com facilidade e, por isso, Berlim ficou conhecida como a “cidade da tuberculose”.
No período que sucedeu a primeira guerra mundial e a consequente queda do império, denominado de República de Weimar, se deu início a uma nova fase nas políticas habitacionais em Berlim e no restante da Alemanha. O medo do avanço do bolchevismo, que poderia ser bem recebido pelos trabalhadores descontentes com o baixíssimo padrão de vida, fez com que as autoridades alemãs se esforçassem para melhorar as condições urbanas e procurassem suprir um déficit de mais de 350.000 moradias apenas em Berlim.
Inicia-se, então, uma nova fase, que inaugura uma nova forma de construir. Inspirado nas cidades jardins de Ebenezer Haward, Taut propõe moradias em meio ao verde, além disso, suas unidades habitacionais agora priorizam a iluminação natural, a ventilação e a criação de espaços definidos para as necessidades específicas do habitar. Pela primeira vez o convívio familiar tem um espaço definido, as casas são dotadas de sala de estar separadas das cozinhas e dos dormitórios. Cada unidade habitacional tem, também, sua própria instalação sanitárias e de banho.
Os responsáveis pelo planejamento destes assentamentos foram, principalmente, Bruno Taut e Martin Wagner, mas também os projetos envolveram outros arquitetos como Hans Scharoun e Walter Gropius.
Em Berlim, estes conjuntos habitacionais ocuparam áreas vazias, nos interstícios entre o que, até os anos 20, eram cidades subúrbios de Berlim. Nesta mesma década, 91 cidades e vilas foram unificadas e transformadas em bairros da então Grande Berlim.
Recentemente, em julho de 2008, seis destes conjuntos foram incluídos na Lista do Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Projetados com formas limpas e inovadoras para a época e dentro da reivindicação social, se tornaram exemplos de enorme relevancia da arquitetura moderna, de 1913 a 1934, que influenciaram a arquitetura e também o urbanismo até hoje.
Venham conhecer estes seis conjuntos e mergulhar nesta história em um tour de um dia inteiro .
IMAGENS DO COJUNTO HABITACIONAL HUFEISENSIEDLUNG
Fotos: Maristela Pimentel Alves